Apesar do recente aumento do Bitcoin para além dos 100.000 dólares, os investidores russos continuam cautelosos quanto às suas perspetivas futuras, com a maioria a não esperar que atinja os 200.000 dólares no ciclo atual. Analistas consultados pela agência de notícias estatal russa, TASS, estimam que o Bitcoin poderá subir até aos 160 mil dólares em meados de 2025, mas não prevêem que o valor da criptomoeda duplique tão cedo. Esta perspectiva conservadora surge apesar do entusiasmo gerado pelo recente crescimento do Bitcoin, que os analistas atribuem a vários factores macroeconómicos importantes.
Um dos principais impulsionadores da ascensão do Bitcoin é a mudança na política monetária global, particularmente os recentes cortes nas taxas da Reserva Federal após um longo período de aperto. Estas mudanças, juntamente com o aumento da inflação e as preocupações com a liquidez, fizeram com que os investidores procurassem activos escassos como o Bitcoin. À medida que a inflação corrói o valor das moedas fiduciárias, o Bitcoin tem sido cada vez mais visto como uma proteção contra a inflação, o que reforçou a sua procura.
A adoção institucional também desempenha um papel crítico na ascensão do Bitcoin. Empresas como a MicroStrategy e a BlackRock tomaram medidas significativas para adquirir grandes quantidades de Bitcoin, legitimando-o ainda mais como um ativo de investimento. No início de dezembro, a MicroStrategy anunciou que tinha comprado 15.400 BTC adicionais por 1,5 mil milhões de dólares, elevando as suas participações totais em Bitcoin para mais de 402.000 BTC, avaliados em quase 40 mil milhões de dólares. Este crescente interesse institucional, juntamente com a crescente popularidade das opções de Bitcoin e dos fundos negociados em bolsa (ETFs), está a ajudar a impulsionar o valor do Bitcoin para cima.
No entanto, apesar do forte impulso, os analistas continuam cautelosos quanto às perspetivas de longo prazo do Bitcoin. Alguns prevêem um objetivo mais conservador de 130.000 dólares, enquanto outros são mais otimistas, estabelecendo um limite máximo de 160.000 dólares até meados do verão de 2025. Um preço de 200.000 dólares é visto como improvável no ciclo atual, com muitos especialistas a sugerirem que pode demorar mais tempo a ser atingido tal nível, se é que isso acontece.
Uma razão para esta postura cautelosa é o ambiente mais amplo do mercado financeiro. O estratega do Bank of America, Michael Hartnett, levantou preocupações sobre o potencial sobreaquecimento nos mercados financeiros globais, especialmente tendo em conta o notável desempenho do S&P 500 este ano, que registou um ganho de 27%, o melhor desde 2019. Hartnett alerta para um possível “overshoot” em ambas as ações e Bitcoin no início de 2025, o que pode sinalizar uma correção ou desaceleração após os rápidos ganhos de 2023 e 2024.
Apesar destas preocupações, a tendência de alta do Bitcoin continua, e a sua ascensão provocou novas discussões sobre o seu papel nas estratégias de tesouraria corporativa. Por exemplo, o Centro Nacional de Investigação de Políticas Públicas, um think tank conservador, propôs que a Amazon considerasse adicionar Bitcoin à sua reserva estratégica. O think tank sugere que a Amazon poderá utilizar parte dos seus 88 mil milhões de dólares em dinheiro e equivalentes de caixa, que incluem títulos do governo e corporativos dos EUA, para adquirir Bitcoin até à próxima reunião anual, em abril de 2025. Esta proposta surge na sequência de uma sugestão semelhante feita para a Microsoft, onde Michael Saylor, da MicroStrategy, defendeu que o Bitcoin fosse adicionado ao balanço da empresa, embora ainda não tenha sido tomada uma decisão final.
Concluindo, embora o preço do Bitcoin tenha disparado nos últimos meses, os investidores e analistas russos continuam cautelosos quanto às suas perspetivas de curto prazo, prevendo um aumento mais moderado nos próximos anos. No entanto, com o crescente interesse institucional e uma crescente crença no papel do Bitcoin como proteção contra a inflação, o futuro da criptomoeda continua a ser promissor. A discussão em curso sobre a sua potencial inclusão nos tesouros de grandes corporações como a Amazon e a Microsoft apenas sublinha ainda mais a crescente aceitação do Bitcoin como um activo financeiro legítimo.