Mineradores de Bitcoin nos EUA enfrentam interrupções devido a tensões comerciais com a China

Os mineiros de criptomoedas dos EUA estão a enfrentar atrasos significativos na receção de equipamentos essenciais de mineração, uma vez que verificações alfandegárias mais rigorosas e uma guerra comercial com a China causam interrupções na cadeia de abastecimento. Estes atrasos afetam principalmente os equipamentos de mineração da Bitmain, uma empresa sediada em Pequim que domina o mercado global de hardware especializado na mineração de Bitcoin.

Os relatórios indicam que as autoridades alfandegárias dos EUA intensificaram o escrutínio das remessas da Bitmain, levando a inspeções mais frequentes. Nuo Xu, fundador da China Digital Mining Association, referiu que, desde o final de 2024, a Alfândega dos EUA tem inspecionado aleatoriamente quase todas as máquinas de mineração de Bitcoin transportadas por via aérea, resultando em grandes atrasos nas operações de mineração.

Por exemplo, a Bit Digital, uma empresa mineira sediada em Nova Iorque, revelou que 700 das suas plataformas mineiras sofreram atrasos de várias semanas devido a estas verificações intensificadas. Outra operação em Oklahoma reportou ter 2.000 equipamentos retidos na alfândega. Empresas como a Luxor Technology também observaram que as remessas rotuladas com produtos de mineração da Bitmain estão a ser alvos desproporcionais de análise.

Estes atrasos nas remessas são agravados pelas tarifas adicionais sobre as importações chinesas, que entraram em vigor a 1 de fevereiro de 2025, acrescentando uma tarifa de 10% sobre o hardware de mineração. Espera-se que a tarifa aumente o custo das plataformas mineiras, sobrecarregando ainda mais as operações financeiras dos mineiros norte-americanos que dependem dos fabricantes chineses para os seus equipamentos.

Entretanto, a Bitmain está a lidar com os seus próprios desafios internos e externos. O cofundador da empresa, Zhan Ketuan, enfrenta uma crescente pressão por parte das autoridades norte-americanas devido ao seu outro empreendimento comercial, a Sophgo, que foi colocada na lista negra em janeiro de 2025. A Sophgo é acusada de auxiliar a indústria de chips da China e de colaborar com a Huawei, uma empresa que tem sido alvo de sanções por parte dos EUA. Esta lista negra teve um impacto severo na Sophgo, cortando-lhe o acesso a fornecedores importantes, como a Taiwan Semiconductor Manufacturing Company.

Apesar destes desafios, a Bitmain anunciou planos para estabelecer uma nova instalação nos EUA para mitigar o impacto das tensões comerciais. No entanto, a empresa manteve a localização da nova instalação em sigilo.

A combinação de verificações alfandegárias mais rigorosas, aumento de tarifas e questões geopolíticas está a criar um ambiente difícil para os mineiros de Bitcoin dos EUA, que já enfrentam custos crescentes e desafios logísticos nas suas operações. À medida que a situação continua a evoluir, os mineiros podem ser forçados a encontrar soluções alternativas ou a enfrentar custos crescentes que podem reduzir a rentabilidade das suas operações.