A Alfândega e Proteção de Fronteiras dos EUA (CBP), a pedido da Comissão Federal de Comunicações (FCC), terá detido remessas de mineiros Antminer ASIC da Bitmain em portos dos Estados Unidos, incluindo nos principais portos da Costa Oeste, como São Francisco. As detenções causaram perturbações significativas para várias empresas de mineração de Bitcoin sediadas nos EUA, com alguns atrasos de até dois meses. Estas empresas não têm conseguido aceder aos seus equipamentos e muitas estão a enfrentar perdas financeiras substanciais devido às taxas diárias de manutenção que podem exceder os 200.000 dólares.
Os equipamentos detidos incluem modelos específicos da Bitmain, como as séries Antminer S21 e T21. Apesar dos atrasos prolongados, o CBP não apresentou quaisquer razões oficiais para as detenções, nem delineou um calendário claro para quando a situação será resolvida. Esta falta de transparência deixou as empresas afetadas frustradas, incapazes de tomar decisões relativamente às suas operações ou planear o futuro.
Curiosamente, as detenções aparentemente visaram apenas produtos Bitmain, enquanto as remessas de outros fabricantes proeminentes de equipamento de mineração ASIC, como a MicroBT e a Canaan, não foram afetadas. As detenções parecem estar concentradas em portos da Costa Oeste, o que levantou suspeitas na indústria mineira de Bitcoin.
Uma das principais teorias por detrás dos atrasos é que podem estar ligados a uma investigação em curso à Xiamen Sophgo, uma empresa chinesa de semicondutores que fornece chips para as máquinas de mineração da Bitmain. Especificamente, acredita-se que os modelos Antminer detidos, como as séries S19 e T21, utilizam chips produzidos pela Sophgo, incluindo o chip CV1835. A Sophgo está sob escrutínio do Departamento de Comércio dos EUA devido às suas alegadas ligações à Huawei, uma empresa de tecnologia chinesa que está sob sanções dos EUA desde 2019 devido a questões de segurança nacional.
Algumas fontes da indústria especulam que a FCC e a CBP estão a realizar um exame minucioso adicional das importações para garantir que nenhum componente restrito ou sancionado, como os chips Sophgo, está a ser utilizado nestes dispositivos de mineração. A situação é ainda mais complicada pelo facto de Micree Zhan, CEO da Sophgo, ser também cofundador da Bitmain, o que levanta questões sobre potenciais ligações entre a Bitmain e entidades sob investigação dos EUA.
Embora não tenha havido qualquer confirmação oficial que ligue estas detenções à investigação do Sophgo, o momento e as circunstâncias levaram a especulações generalizadas. A questão suscitou preocupações na comunidade mais ampla de mineração de criptomoedas, especialmente porque os atrasos na receção de equipamento de mineração podem levar a dificuldades financeiras significativas. As empresas mineiras dependem fortemente destes dispositivos para as suas operações, e qualquer perturbação pode afetar significativamente os seus resultados financeiros.
Em resumo, a detenção dos mineiros Antminer da Bitmain nos portos dos EUA criou um ar de incerteza na indústria mineira de Bitcoin. Os atrasos, que já se estenderam por dois meses, levantaram preocupações sobre o potencial impacto das sanções e restrições comerciais dos EUA no mercado global de criptomoedas. Até ao momento, não existe uma resolução oficial ou um calendário para a situação, e as empresas mineiras continuam a enfrentar custos crescentes enquanto aguardam a autorização dos seus equipamentos detidos.